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DOADORES COM BACTEREMIA POR BACTÉRIAS GRAM NEGATIVAS MULTIRRESISTENTES E O IMPACTO PARA OS RESULTADOS DO TRANSPLANTE

Os doadores de órgãos sólidos para transplante estão na grande maioria das vezes internados em Unidades de Terapia Intensiva e foram submetidos a procedimentos invasivos diagnósticos e terapêuticos antes da doação, sendo pacientes de alto risco para desenvolvimento de infecções bacterianas e fúngicas. Entre estas, as infecções de corrente sanguínea, por sua natureza sistêmica e capacidade de colonizar ou infectar os diversos órgãos para doação, são as de maior impacto e probabilidade para transmissão ao doador. Nos últimos anos, por outro lado, observamos no mundo inteiro a emergência de multirresistência bacteriana e em menor grau resistência a antifúngicos. No Brasil, em particular, a emergência de bactérias gram-negativas multirresistentes é alarmante com potencial impacto para transmissão por enxertos no ato do transplante, uma vez que as características epidemiológicas dos doadores de órgãos os colocam como pacientes de risco para aquisição destas bactérias.

Baseado na escassez de dados disponíveis, número de pacientes na lista para o transplante, baixa oferta de doadores e um número cada vez maior de infecções por bactérias multirresistentes, é fundamental que os riscos do transplante de órgãos sólidos a partir de doadores com hemocultura positiva que isolam bactérias gram negativas resistentes aos carbapenêmicos sejam melhor avaliados.

1. Objetivos

Comparar os desfechos de quatro  grupos de receptores de órgãos sólidos:

  • Doadores bacterêmicos que identificaram bactérias gram-negativas resistentes aos carbapenêmicos
  • Doadores bacterêmico que identificaram bactérias gram-negativas sensíveis aos carbapenêmicos
  • Doadores bacterêmicos que identificaram outros agentes em hemocultura
  • Doadores sem bacteremia

Objetivo primário:

  • Taxa de transmissão de infecção do doador para o receptor (entre os dois grupos com hemocultura positiva)
  • Taxa de sobrevida do paciente com um, três e 12 meses após o transplante.
  • Taxa de sobrevida do enxerto com um, três e 12 meses após o transplante.

Objetivos secundários:

  • Avaliar as taxas de infecção relacionada à assistência à saúde nos quatro grupos na internação do transplante
  • Avaliar a taxa de DGF nos quatro grupos- Definida como necessidade de     diálise na primeira semana após o transplante renal
  • Avaliar a taxa de diálise nos pacientes que não são transplantados renais
  • Avaliar o tempo de permanência hospitalar na internação do transplante
  • Avaliar a taxa de reinternação em 90 dias após o transplante
  • Avaliar a taxa de reoperação em 90 dias após o transplante    

2. Material e métodos:

Vai ser realizado um estudo retrospectivo, observacional, que avaliará os receptores transplantados entre os anos de 2013 e 2017.  Os dados serão coletados a partir dos prontuários médicos dos respectivos centros. 

Critérios de inclusão:

  • Centros que utilizam método automatizado para identificação da sensibilidade bacteriana
  • Receptores de doadores cujas culturas foram coletadas no momento da captação do órgão
  • Seguimento do receptor e acesso aos dados por pelo menos um ano após o transplante.

Critérios de exclusão: 

  • Doadores com Infecção de corrente sanguínea no momento do transplante vão ser excluídos. 

 Definições:

  • Doador bacterêmico: qualquer paciente com hemocultura positiva coletada no momento do transplante (devido risco de contaminates, uma análise separada excluindo estes agentes vai ser realizada). 
  • Transmissão de Infecção de doadores para receptores: isolamento de qualquer amostra clínica relevante nos receptores, com o mesmo agente isolado na hemocultura do doador em relação à espécie e com o mesmo padrão fenotípico de resistência antimicrobiana. 
  • Infecção relacionada à assistência à saúde: vão ser utilizados os dados coletados pelo Serviço de Controle de cada centro. Serão consideradas as infecções relaciodas a internação do transplante. Em ISC considerar 30 dias após o transplante, mesmo que o paciente já tenha recebido alta. Os dados devem seguir os critérios de infecção conforme orientação das agencias reguladoras de saúde: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica); CDC (Center for Disease Control and Prevention): ECDC (European Center for Disease Prevention and Control)
  • Sobrevida do enxerto:  

 

  1. Transplante renal- perda do enxerto é definida como necessidade de retorno para diálise ou retransplante.
  2. Transplante hepático – perda do enxerto é definida como retransplante.
  3. Transplante pancreatico - enxertectomia (pâncreas), necessidade do    uso de insulina  >= 0,5UI/kg/dia por 90 dias consecutivos, necessidade de retransplante

 

  • Dados de permanência hospitalar serão considerados até a alta ou óbito referentes exclusivamente à internação pelo motivo do transplante
  • Reinternação será considerada a necessidade de readmissão hospitalar por qualquer causa até 90 dias do transplante
  • Reoperação será considerada a necessidade de nova abordagem cirúrgica abdominal ou na loja do transplante por qualquer causa até 90 dias do transplante
  • Drogas imunossupressoras serão avaliadas a terapia de indução e imunossupressores utilizados na internação do transplante.
  • Rejeição: rejeição diagnosticada por biópsia.
  • Tratamento:registrar os antimicrobianos  iniciados nos primeiros 10  dias após o transplante, mesmo que não tenham sido adequados para o agente isolado na hemocultura do doador.
  • Tratamento adequado: uso de pelo menos um antibiótico ativo prescrito até 48 horas após o transplante, baseado no antibiograma.



SÃO PAULO/SP - BRASIL